Educação positiva melhora a saúde dos filhos
- Milena Rossetti
- 1 de ago. de 2019
- 3 min de leitura

Um recente artigo publicado na revista científica Nature Human Behaviour, de autoria do Prof. titular da Universidade de Harvard Tyler Wanderweele, avaliou o impacto do estilo parental (modo que os pais criam os filhos) sobre a saúde e bem-estar deles.
Na prática clínica, recomendo sempre aos pais das crianças que atendo o uso de práticas educativas positivas na educação de seus filhos e minhas recomendações são respaldadas por diversos estudos, como este publicado recentemente em Harvard que acompanhou milhares de jovens até completarem 16 anos de idade.
Confira algumas das conclusões importantes do estudo:
- O estilo parental mais saudável é o "competente", que mescla afetividade e autoridade dos pais com os filhos. Melhor que os estilos autoritários (autoridade sem afeto), permissivos (afeto sem autoridade) ou negligentes (sem os dois);
- O estilo parental competente significa filhos com melhor expressão das emoções, menos obesidade, depressão, ansiedade, tabagismo, transtornos alimentares, uso de maconha e DST;
- Ter pelo menos uma refeição em família por dia proporciona aos filhos mais satisfação com a vida, auto-estima, perdão, menos depressão, episódios de embriaguez, uso de maconha, gravidez na adolescência, iniciação sexual precoce e DST.
Mudanças
Se você percebe que seu filho não te obedece, que ele gasta tempo demais na internet ou você sente que o pai não a está ajudando a monitorar e educar seu filho, é hora de efetuar mudanças, estabelecer critérios e ter uma conversa séria com seu parceiro.
Sempre explico para meus pacientes e seus pais o papel da afetividade na construção da cognição infantil. A cognição é a capacidade de processar informações e transformá-las em conhecimento, com base em um conjunto de habilidades cerebrais como a percepção, a atenção, a associação, a imaginação, o juízo, o raciocínio e a memória.
A aprendizagem por parte das crianças decorre da integração entre o corpo e o meio social que proporcionam aumento de redes neuronais em ambientes estimuladores. A quantidade de neurônios e conexões entre eles (sinapses) mudam dependendo das experiências de vida.
Assim, a emoção e o afeto interferem no processo de retenção da informação. Quanto mais emoção um evento provoca na vida da criança, mais ativa é essa parte do cérebro, mais o evento é gravado, ou seja, memorizado, aponta em seus livros o neurocientista Iván Izquierdo.
Com isso, é fácil presumir que, se o afeto dos pais é positivo, aumenta a dopamina no cérebro da criança, aumentando assim a sensação de bem-estar e, com isso, o nível de atenção aumenta para a fonte desse afeto positivo.
O meio social pode favorecer o desenvolvimento sadio ou não das crianças já que existe uma relação complementar e recíproca entre os fatores orgânicos e socioculturais, dado comprovado na pesquisa da Universidade Harvard.
A conclusão é que educar positivamente seus filhos é possível e rende frutos maravilhosos. Porém, ela passa por uma organização pessoal de cada um dos pais, suas prioriedades individuais e enquanto família, e o que ambos desejam para o futuro de seus filhos.
Educar positivamente seus filhos envolve trabalho duro, conversas constantes, estabelecer limites - tempo de TV, hora da lição de casa - e critérios - de recompensas de esforços, lazer, presentes, por exemplo - que, postos em prática no dia a dia da criança, certamente evitarão gritos, descontentamentos e ajudarão aos pais a criar indíviduso mais seguros, confiantes e, portanto, sadios.
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