Frustração: como identificá-la e ajustar sonhos e expectativas
- Milena Rossetti
- 15 de fev. de 2019
- 3 min de leitura

É muito comum no começo e final de ano um sentimento de frustração e incapacidade de dar conta dos projetos pessoais ou profissionais para os próximos meses.
Em alguns casos, a frustração vem seguida de notícias ruins como o filho repetir de ano ou ter de voltar ao trabalho depois das férias de verão tão merecidas.
No meu consultório, oriento meus pacientes a entender que, ao estabelecer metas e objetivos, fazemos isso com base em nossas crenças e expectativas e é preciso verificar se há condições reais delas serem atendidas. Metas, por exemplo, como emagrecer no ano novo, ou praticar atividades física mesmo sem tempo livre entre as horas no escritório e na faculdade à noite. No caso dos pais, a intenção de chegar em casa mais cedo, jantar com os filhos e revisar a lição de casa deles antes de dormir pode ser totalmente possível ou irreal, dependendo de fatores externos como tempo de deslocamento e distância entre casa e trabalho.
...ajustar nossos sonhos ou expectativas
com o que é possível dentro da sua realidade.
O que precisamos ter claro quando falamos de frustração e como evitá-la é que, em alguns casos, precisamos ajustar nossos sonhos ou expectativas com o que é possível dentro da sua realidade. Nesse sentido, aconselho meus pacientes e alunos a criarem estratégias alternativas como plano A e plano B. O segundo tipo de plano é ótimo para nos mantermos motivados e corrigir o fluxo dos nossos pensamentos negativos e pessimistas, pois se temos uma carta na manga, ou seja, uma opção, não somos tomados por sensações de fracasso ou frustração ou de estagnação, pois continuamos em movimento rumo a atender nossas expectativas.
Processo cognitivo
Um fator interessante para entender a frustração que sentimos às vezes é compreender como funciona o processo cognitivo e como as emoções o afeta. A cognição é a capacidade de processar informações e transformá-las em conhecimento, com base em um conjunto de habilidades cerebrais como a percepção, a atenção, a associação, a imaginação, o juízo, o raciocínio e a memória. Eventos estressantes ou aflitivos levam a um rebaixamento das funções cognitivas assim como tarefas muito difíceis - longas jornadas de trabalho seguidas de horas de trânsito e pouco tempo para a família - desmotivam e deixam o seu cérebro exausto e você pode ficar frustrado(a) se o resultado de tanto esforço não atingir as altas expectativas que você projetou inicialmente como comprar um carro novo, viajar para a Disney com os filhos ou garantir a entrega de relatórios no prazo solicitado.
E as situações estressantes afetam não apenas seus sentimentos, mas também sua atenção. E a falta dela pode ser resultado de um meio desestimulante ou situações inadequadas a que você tem vivido.
A sugestão aqui é fazer as modificações necessárias e possíveis nos ambientes em que você vive e prestar atenção aos mecanismos neurofisiológicos do estresse como dificuldade para dormir, dores musculares, dores de cabeça, cansaço, imunidade baixa entre outros. Lembre-se que estresse e ansiedade causam rebaixamento cognitivo, portanto funcional, e problemas de saúde, sem falar desse sentimento de frustração que pode ser paralisador.
A receita para lidar com essa frustração é identificar o pensamento que surge diante de uma situação negativa e observar como esse pensamento o(a) faz se sentir.
A receita para lidar com essa frustração é identificar o pensamento que surge diante de uma situação negativa e observar como esse pensamento o(a) faz se sentir. Tenha em mente que os pensamentos são frutos de crenças boas ou ruins sobre você mesmo, as pessoas ou o futuro delas ou de vocês no caso de um grupo a que você pertence.
Procure verificar essas crenças são irracionais ou improváveis e tente modificá-las.Você pode dizer a si mesmo(a) se existe alguma alternativa, ou uma explicação possível - e até mais positiva a esse pensamento de frustração. Depois, verifique se você consegue pensar diferente, ou se é possível construir uma crença diferente em relação àquilo que o(a) perturba. Esse exercício de reflexão tem o poder de fazer você se sentir menos triste ou frustrado.
Acredite, num mundo em que somos bombardeados diariamente com milhares de imagens e ideias de como ser perfeito(a), se não soubermos como separar joio do trigo e estabelecer uma estratégia de controle de suas ações diárias, pensamentos e emoções, é muito fácil criar expectativas irreais como ser uma super mãe, sempre em dia com todas as tarefas da casa, dos filhos e demandas do trabalho. Planejamento e auto-reflexão sobre os temas citados acima vão ajudá-lo(a) a lidar com os desafios diários de uma forma muito mais equilibrada em que você identifica os fatores que levam à frustração e os previne a tempo.
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