Pais só voltam a dormir bem após seis anos do nascimento do filho, aponta estudo
- Milena Rossetti
- 29 de mar. de 2019
- 3 min de leitura

Quem tem bebê pequeno conhece bem o dilema: poucas horas de sono - geralmente quando o bebê dorme, e quando a mãe pode organizar a casa e conciliar seus afazeres domésticos com os de seu trabalho. O resultado, uma exaustão diária, especialmente da mãe, misturada com sentimentos de culpa e de felicidade plena com cada pequeno avanço do infante e o crescimento da família.
Mas a verdade é que aquele sono bom e restaurador só vai volta daqui seis anos.
Isso mesmo! Ao menos é o que aponta um estudo realizado pela Universidade de Warwick, na Inglaterra. Os pesquisadores acompanharam 2.541 mães e 2.118 pais, e constataram que as mães são as mais afetadas com a falta de sono, provavelmente por serem mais necessárias para os bebês por conta da amamentação. O momento mais crítico para o sono dos pais é três meses após o parto.
Nesse período, foi mostrado que as mães tinham um nível de satisfação de sono 1,81 menor (pontuação que poderia variar de 0 a 10) e cerca de 62 minutos a menos. A amamentação influenciou na diminuição da satisfação do sono materno (0,72 pontos) e duração (14 minutos). Os pais foram afetados com menos intensidade. O nível de satisfação deles foi 0,37 pontos menor, e tinham cerca de 13 minutos a menos de sono. Outro dado encontrado pelo estudo mostra que, tanto nas mães quanto nos pais, mesmo depois dos 6 anos de nascimento da criança, a qualidade do sono não havia sido totalmente recuperada.
Com a diminuição na qualidade do sono depois da chegada do filho, algumas áreas de nossas vidas começam a ser afetadas, como o trabalho e, até mesmo, os relacionamentos sociais. Nesse sentido, quanto mais dicas positivas os pais receberem, melhor para o bem-estar deles. Uma das dicas a seguir seria tentar colocar os filhos para dormir mais cedo. Isso ajuda na qualidade de vida de toda a família de acordo com outro estudo realizado pelo Murdoch Children’s Research Institute.
Porém, é natural que mesmo depois de crescidos os filhos continuem sendo uma fonte de preocupação que afetam o sono dos pais. Isso foi observado pela pesquisadora Amber J. Seidel, da Universidade da Pensilvânia, que conduziu outro estudo focado em 186 famílias de filhos adultos.
A pesquisa apontou que os pais, mais envolvidos na vida adulta de seus filhos atualmente graças aos celulares - o que os transformam no que alguns pesquisadores apelidaram de "pais helicóptero", ou seja, pais super conscientes do desconforto de seus filhos diante da vida e que fazem de tudo para amenizar qualquer pequeno sofrimento deles.
E o celular pode estar contribuindo para o estresse de acompanhar a vida dos filhos, mesmo vivendo em outras cidades, e isso preocupa as mães a ponto de elas não dormirem.
Consultório
Entre meus pacientes, sugiro uma série de atividades para aliviar ou reduzir o estresse que afeta o sono deles. Policiar seus comportamentos negativos é um deles. Conversamos sobre confiar em seu filho(a) e em seu trabalho como mãe ou pai e a necessidade de dar asas para que sua cria viva sua própria vida.
Oferecer apoio aos filhos é, sem dúvida, fundamental, mas sempre quando eles buscarem por seus conselhos. Você pode interferir, é claro, se eles estiverem em uma situação realmente problemática. Manter conversas e uma relação de confiança com seus filhos será suficiente para saber quando a ajuda parental deve entrar em ação.
A mudança de atitude dos próprios pais pode diminuir a pressão sobre eles mesmos. Além disso, prestar atenção na sua dieta e praticar atividades sejam elas físicas ou intelectuais, como ler, assistir filmes, reunir-se com amigos e outros membros da família, ajudam com seu bem-estar. Elas fazem bem para suas funções cerebrais e corpo, e traz mais equilíbrio para uma vida plena, permeada por desafios sejam da maternidade ou paternidade, mas extremamente recompensadora, de construção de laços de amor e compreensão na família.
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